VI - Mais uma noite...


Lá dentro, depois do impacto inicial causado pela recepção de Maria, Pedro e João divertiam-se… A musica estava boa, apesar do excesso de volume no sistema sonoro.
Maria estava brilhante, “shining”. Dançava, convivia e bebia, tudo com um sorriso, sem se preocupar com os presentes, igual a ela própria, era normalmente a rainha da festa. Alguns clientes que a julgavam sócia do Bar! Toda a gente lhe falava, toda a gente, mais cedo ou mais tarde, cumprimentava Maria.

Pedro, tentava descontrair, quase à força do whisky que João lhe fornecia! Mas não estava fácil. Lembrava-se da noite de quarta-feira e como ia abordar o assunto, sem magoar, sem dar esperanças, sem ter de ter que se comprometer!

João, depois de uma visita cuidada, não fosse existir por lá alguma “presa” antiga e estragar-lhe os planos futuros de uma noite mais animada, continuava igual a si próprio, mirando e apontando armas a este ou aquele pormenor nas presentes…
- Olha para aqueles olhos! Lindos… E olha aquela ali que pinta!... Gira a miúda!
Sempre com Pedro a aprovar, mas a ficar por isso mesmo… O seu cérebro estava fixo na noite de quarta-feira! Sempre que podia, e sem dar nas vistas, lançava um olhar de soslaio a Maria!
A noite foi acontecendo. Neste intervalo chegou Joana, mais uma habitual presença nos jantares de quarta-feira, a mais nova do grupo, sempre com muitos mistérios… Era arquitecta! João tinha uma implicância com esta arquitecta… Pedro nunca percebeu porquê, aquele não era o género de mulher para João! Era inteligente, culta… Sim e também era gira!

Um pouco mais tarde, Bruno, também do grupo das quartas-feiras, era o especialista em noites! Consigo vinham cinco convites mais desejados naquela noite. Eram os convites para a inauguração do novo bar dançante em Lisboa!

Depois de conferenciarem com Maria e ela decidir que também iria naquele momento com eles. Por muito que custasse a Pedro! Não queria ter de privar com Maria, não queria falar no assunto, se bem que Maria continuava normalmente, como se nada se tivesse passado!
Os cinco abandonaram a “mãe de água” em direcção à festa!
Ainda na porta, já João dizia ao grupo:
- Não se prendam por mim! Se eu me desaparecer é porque estou bem!
Todos se riram, eram normais os “desaparecimentos” de João nas noites da capital! Da capital não! Em todos os sítios João desaparecia…
Lá dentro, efectivamente o espaço estava bem decorado! Muito bem frequentado. Pedro não deixou de reparar no civismo à entrada, no civismo entre fumadores – arredados para uma zona específica – e não fumadores. Tudo muito no lugar! Muito bem colocado em cada sitio.
Enquanto deambulavam pelo bar, João ia catrapiscando daqui e dali um beijinho, um “olá”, uma “festinha”, um abraço! Joana e Maria, também se divertiam, ora dançavam, ora riam, ora comentavam algum aspecto de realce nalgum presente do género masculino que por ali andava. Pedro, já longe dos ressentimentos e dos síndromes de culpa, começava a soltar-se, ele e Bruno riam das parvoíces e de algumas amigas de João!

Estava encostado ao bar a pedir a sua primeira bebida, quando reparou num perfeito exemplar do sexo oposto. Linda, divertida, aparentemente, pelo menos, não conseguia precisar a sua idade, 30 talvez! Estava do outro lado da sala, no outro bar. Porém acompanhada! Observou-a com os olhos verdes e notou que estava acompanhada.
Maria falou a um dos do grupo! Precisamente ao acompanhante. Achou por bem não fazer perguntas! Muito menos a Maria, ela estava calma… Quieta! Era melhor não acordar o “monstro”.

A noite ia longa! João já tinha sumido da linha do horizonte. Maria e Joana continuavam a dançar como se não houvesse amanhã! Bruno também estava de conversa com uma “amiga”, Pedro decidiu sair “à francesa”.

Depois da rápida viagem. Já em casa… Enviou mensagens aos quatro amigos… E ainda antes de sucumbir à inércia que o cansaço, acumulado com o whisky, com as muitas horas que devia à cama, lembrou-se, sem uma certeza de rosto, fisionomia, apenas do brilho que irradiava aquele exemplar perfeito do criador!

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