II - Nunca Mais...





- Porra! … São 11 da manhã! Merda… Tenho de ir trabalhar e não me apetece… Ui que dor de cabeça – ainda de olhos fechados Pedro começava lentamente a sentir… Se é que para além da dor de cabeça, sentia mais alguma coisa…

- Onde é que eu realmente estou! Ah Maria… Maria… - na realidade a Maria, esta Maria dormia ainda ao lado do Pedro! – É pá não… eu não fiz isto… nunca mais bebo… nunca mais bebo muito… nunca mais bebo muito whisky… Nunca mais… Nunca… Sei lá!

Era hora de levantar e de tratar de sair dali o mais depressa possível, preferencialmente sem que Maria o visse, sentisse ou pior tocasse… Outra vez!

Pedro levantou-se e muito rapidamente – tanto quanto o corpo permitia - foi para a sua higiene diária!

Nem queria acreditar que aquilo tinha acontecido! Que aquilo tinha acontecido com a Maria! A Maria não… é mau demais, há muito que tinha definido que não haveria nada mais que uma amizade… Aquilo passava das marcas da amizade!

Na realidade Maria era uma amiga recente, amiga da amiga de uma amiga, logo no primeiro momento Pedro sentiu ali um interesse dela, nele, ele não queria, nunca quis.

Maria era muito grande, grande demais para um Pedro alto e magro. Maria era baixa e bem volumosa, tentava tirar algum volume ao seu corpo, mas isso ainda não era agora, muito embora tivesse uma beleza exterior muito grande, não faltava nada, havia a mais e não era só volume, pelo menos para Pedro!

Pedro andava desde o fim do Verão a fugir desta noite a dois com Maria, que insistia, insistia, zangava-se, insistia… mas Pedro ia conseguindo fugir!... Ia conseguindo… Não conseguiu!

Conseguiu sair da casa de Maria, pelo menos era o que ele achava, descer no elevador, com a higiene possível feita um bocado à pressa. Quando saiu para a rua o sol queimou-lhe os olhos verdes e impediu que durante quatro segundos não percebesse sequer em que raio de rua estava. Quando a visão se recompôs descobriu em simultâneo um café e o seu carro… Finalmente estava a “salvo”… Salvo pela bica para o fazer acordar, salvo porque fugir dali era o seu segundo objectivo!

Com o café tomado e o rádio na estação mais perto do mar, Pedro dirigia-se para Lisboa, escolheu ir pelo caminho mais longo, descer à marginal e seguir pela beira-mar. Nesse caminho foi pensando o que realmente tinha acontecido na noite passada.

- Possa, era quarta-feira… jantámos todos juntos!

Jantaram cerca de oito pessoas à mesa era verdade… Entre homens e mulheres aquele grupo de amigos costumava reunir-se com alguma assiduidade… E saíam para conversar, beber um copo. Todos sabiam que ao primeiro romance aquele grupo acabava! Ou pelos menos era o que Pedro achava! Abriu a janela para o primeiro cigarro e respirar aquela brisa fria do mar! E continuava a sua reconstituição da noite. Já com a Torre de Belém à vista lembrou-se da reunião que tinha ao almoço, era suposto mudar de emprego ou de função no emprego. Não podia ir assim vestido apesar do banho e de algum bom aspecto, a roupa era do dia anterior e exalava um cheiro a fumo, nada agradável! Aliás esse cheiro a fumo e a ressaca que Pedro tinha eram as duas únicas provas de uma noitada… tudo resto… estava normal!...

Tudo ou quase tudo!

1 comentário:

  1. " tudo ou quase tudo!...já nunca mais nada vai ser normal...não se conseguem apagar as noites...que vivemos ou imaginamos...com um simples banho perfumado...e meia dúzia de aspirinas. Agora há que fazer do "anormal" ...normal!! é simples....mas nós complicamos sempre...."

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